terça-feira, 21 de dezembro de 2010

"Quase-cristãos"

Uma das coisas que tenho estabelecido para 2011 é a criação (e continuidade) de um blog.
Meus blog's sempre "fervem" no início, mas no decorrer do tempo, tendem a cair. Acho que isso é o reflexo de uma preponderante característica minha. Enfim...

Acho que no meu jeito particular de ser, sempre tento unir Deus e Arte. Não que ambos não se liguem ou andem separados, antes, eles são mais intrínsecos que pensamos.
Estudando um pouco sobre o curso da história, nós vemos homens que morreram defendendo suas convicções, e isso não se restringe somente aos fiéis relatados pela bíblia.
É muito interessante quando observamos que, um homem como Galileu Galilei, antes de ser queimado proferiu a seguinte frase:  "Eppur si muov", enfatizando que, mesmo sendo condenado a morte, ele ainda acreditava que a terra se movia. Ele também morreu por um ideal.

Tem uma crônica do Veríssimo que eu amo.
Segue:

Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez,
É a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga,
Quem quase passou ainda estuda,
Quem quase morreu está vivo,
Quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.

A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.

Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.

Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.


O texto supracitado é uma das coisas que mais me confrontam como cristã.
Nessa era de "quase-profetas", "quase-levitas", "quase-pastores", "quase-testemunhos", "quase- verdades" e infelizmente, "quase-cristãos", temos insistido em viver um falso evangelho. Pois esse não tem como ser redimensionado a "quase".

As diretrizes são simples e nos são propostas todos os dias. Nossa escala medíocre insiste em viver apenas pequenas porcentagens de um amor infinito.
E o pior ainda é pensarmos num Deus moldado a nós. Que heresia!
O evangelho proposto exige renuncias! E  isso é mais que letra, louvor, palavra... Isso é vida!
Por vivermos em um tempo onde existe a graça, queremos nos afundar nela. A mesma passa a ser a única justificativa dos nossos erros. Agarramo-nos nela e vestimos um lindo manto branco de hipocrisia.

Não preciso salientar que "existe mais". Nós sabemos disso.
Porém, somos os autores que delimitam nossos passos e nosso crescimento.

Que venha 2011!
Mas, que nos poucos dias que o antecedem, sejamos capazes de reconhecer quem somos. E mais importante que isso, que possamos estabelecer quem seremos!

Quero crescer junto com vocês.
Uns beijos,

Júlia Júdice!